14/10
Dormir não mais
Fantasmas da noite morta
Caminham entre luz e sombra
E névoa
Por rastros de cobiça e treva
Lânguidos, lúgubres
Embebidos no sangue de uma casa
Entre árvores que andam
Espíritos que dançam
A noite de ontem
E repetem seus caminhos
E refazem seus destinos
Passo a passo no terror
Escravos das horas de sempre
Da negra madrugada rubra
De novo e de novo
Despertos de loucura
Em torno da figura
Morta
Atrás da porta
Jaz o segredo do silêncio
Confinadas lá dentro
Almas de outro tempo
Seduzem
As testemunhas de hoje
E o ar se vai, o som se vai
A cama se desfaz;
Nem querer, nem sonhar, nem dormir
Dormir não mais.