Encruzilhada

Encruzilhada

quarta-feira, 12 de março de 2014

Estranhos num trem

Estranhos num trem

Seus olhos a encontram de pé. Ali, adiante, mastigando um canudo vermelho no canto da boca. E botas cano alto. Morena com frio, morena em casaco verde. Você o vê? Sentada de frente pra ele, cabelos curtos escondidos no capuz. Qual será seu nome? Como soa sua voz?De onde vem, pra onde vai? 

Você o vê? Através dessa gente entre a gente, por pedaços de espaço escondido, nos traços de quem os separa, você o vê? Com os olhos escuros e os lábios rosados, no silêncio desta noite aleatória, você o vê? Ele se apaixonou por você. Neste minuto, neste segundo, em primeiro no mundo. Ninguém te amou ou amará como ele te amaria agora, se existisse pra ele agora. E ele fugiria daqui pra qualquer canto te levando pela mão, abraçado em você, debruçado em você, carregado em você.

E nesta parada ela se vai, tão logo abrem-se as portas. Mãos no bolso, pé atrás de pé, sem olhar nunca pra trás.

Você me viu?