Encruzilhada

Encruzilhada

Poemas de junho

01/06

Sob a luz

Uma cachoeira de luz
Uma queda de luz
Conduz ao presente
À correta incerteza
Da separação
Entre ser e poder
O poder da beleza
Da definição
De poder ser
Além do que se dá
Do que se tem, além
Salve já, pense lá
Pera lá. Pudera
Quando não se espera
Vem o início de uma nova era.

02/06

Canto do renascimento, 27 anos depois

Aos amigos,
bem-vindos! Aos queridos,
partidos, por vindos,
minha palavra:
de que não posso falar de jornada
que não seja minha própria estrada;
não digo o que deve ser
tampouco o que será;
escrevo que pude ver
anseio pelo que virá;
compartilho e lhe peço um abraço.
O abraço me é muito caro,
quando inteiro, completo, é raro;
teu carinho comigo, sozinho,
tão sozinho
que não sabes nem nunca saberás;
agradeço como posso, como consigo
e tento, me ponho a sonhar mais
sonho demais
por saber, saber de menos
pouco, nada, a voz calada
e pensamentos soltos
revoltos
errados de erro inocente
de não ser meu o que tenho
em mente, em sangue, onde mais?
Sou preso. em preconceito e desprezo
escondido de todos
atrás de um sorriso
atrás de um juízo.
Sou entre sol e noite,
entre forca e açoite;
insone deitado, sonhando acordado,
acomodado e atormentado
tenho estado
estacionado e impregnado.
E por que não podemos ser melhores?
E por que temos que ser melhores?
Porque não basta, nunca basta
o que nos resta, o que nos cerca...
quero que passe,
quero o impasse.
Quero liberdade
daqui, de tudo;
liberdade tardia, que me chegue um dia
pois espero de esperança
desejo como criança
viver poesia
um pouco de cada dia;
viver a poesia de viver
lutar, lutar, sempre lutar
não para ganhar ou para vencer,
lutar para não perder
para não perder
o tempo, sempre ele, o tempo
dilacera o coração
possuído de emoção
grito e peço
e me despeço
do eu que era,
de mim da terra;
vou voar, vou ver o mar
vou voar
debaixo da luz, de olho no sol
sabendo que contra o céu
mesmo em dia não se vê,
ao que a noite escura
muito faz aparecer;
desimportar, encorajar,
um bom lugar pra começar,
pra renascer.

03/06

Jogo de letra

E agora?
Qual é a letra que vigora?

Astuciosa Banida
Confusa Detida
Eleita Função
Grandeza Humilhação
Insidiosa Janela
Levantando Manuela
Negando Orientar
Pensando Questionar
Reorganizar Sentado
Testemunho Urrado
Visto, Xeque
Zelado.

04/06

poema que eu perdi

Dia desses acordei com uma rima
E resisti
Andei pra baixo e pra cima
Ela aqui
Na cabeça, esperando, esperando
Pra sair
Fui deixando, deixando, deixando
Até sumir
Passou o dia, se foi, partiu
Por aí
Pensei no verso; se foi, fugiu
Desisti
Era uma rima sobre uma bela
Disso não esqueci
E eu rimava com o nome dela
No poema que eu perdi.

05/06

meio

É sempre o meio
A porra do meio
O meio do caminho
Entre o quente e o frio
O meio morno, vomitado
O meio de fato.

O equilíbrio é o anseio
Mas é também o meio
De sobrevivência
Entre a presença e a ausência

O meio
Sempre no meio
Na média
No médio
O médio
O tédio do meio
O meio que veio
Somente até aqui
Até o meio do existir

No meio, em busca do que veio
Em busca de seu meio
Não o meio de opção
O meio da tensão
De quem, viveu e vive, nascido
No meio
Quem se quer partido, rompido
Longe do meio.

06/06

"Há urgência em estar vivo!"

é preciso.
mais ainda, digo.
é urgente.
fazer-se gente
fazer-se homem
desfazer-se homem
é preciso perder
é preciso partir
é urgente sofrer
é urgente cair
doer
sentir
ver, ver, ver
e ouvir
saber
o quê, pra quê,
mais do que porque
é preciso
precisar
uma precisa urgência
é preciso
estender
tensionar
confrontar
revelar
reagir
construir
é urgente
é preciso
"há urgência em estar vivo!"

07/06

temor e o lamento

Temo
Que nunca mais sejamos esses
Esses aí
De sorrisos em fotografia
Esses aí
Unidos em calor de noite fria
Esses aí
E nunca mais sejamos a palavra
Esses aí
Caminhando em mesma estrada
Esses aí
E nunca mais os daquele rio
Esses aí
E nunca mais iguais por um vazio
Esses aí
Temo que nunca mais sejamos esses
Esses aí.

08/06

sábado, 8 de junho

Eles me pedem um poema
Versos para e sobre este dia
Será este então meu tema
Amizade, saudade, alegria

Cá estamos, meus amigos
Mais velhos, mudados
Movidos, rodados
E ainda sorrimos

Agora com filhos
Casados, crescidos
E ainda sorrimos

Ao som do samba de outros tempos
Cantados por todos, a plenos vocais
De hoje os lamentos de sempre trazemos
Lamentos de sempre e tão atuais

As queixas nos unem, os risos também
Histórias de agora e do passado nos vem
Estamos aí
Ainda a sorrir

Vamos mudar, vamos partir
Vamos cantar, vamos sentir
Vamos beber, vamos curtir
E até lá, a última hora
Estaremos aí
Ainda a sorrir.

09/06

Canto da saudade

Saudade é um bicho que cresce no peito
Luta pra sair, de qualquer jeito
Pela boca, num grito
Lágrimas nos olhos
Pelas mãos, um escrito

Um lamento
Saudade se refugia em pensamento
Do amor que é e não está
De quem se foi e vai tardar
A voltar
Pro peito que sofre
Quase explode
Ansioso de um encontro
Da retomada do mesmo ponto

O corpo inundado em memórias
Tão fortes e tão transitórias
A pele de um é de dois
O toque evocado depois

Saudade, força que impera
Inteira o corpo na falta
Nascida em vazio, ausência
Saudade me toma a consciência
Saudade que pesa a distância daí
Saudade me tem, saudade de ti.

10/06

Carta ao irmão

Caro irmão,
Acalma teu coração
Que estamos juntos na dor.
Pensemos grande,
Pensemos juntos;
Lutemos pelo que nos pede a alma
Acima de dinheiro ou conforto
Ou qualquer coisa.
Vamos. Vamos os dois, hoje
Agora, sem brecha pro depois
Que hoje há pouco a perder.
Um dia de cada vez.
Treino de atleta,
Ensaio de artista,
Nossa vida, nossa luta, um dia de cada vez.
Paciência é uma virtude
Quando combinada ao movimento;
Pensar é bom, fazer é sobreviver,
Inspiração que lava alma e coração.
Te acompanho, meu irmão,
Na luta de teu dia a dia
Com fé, com sonho
Sou teu parceiro, teu escudeiro
Tua família.

11/06

som do silêncio

Silêncio. Silêncio. Silêncio.
Três tons de silêncio.
A toada da noite nebulosa
É sedutora, é libertária.
Muito pode ser o silêncio
E nele, pode-se muito;
Silêncio é música da escuridão,
Decifrado teu enigma
Eles o devorarão;
Silenciado, calado, poupado,
Presente, o silêncio potente;
Anuncia o que é preciso
Não avisa o que leva consigo;
Aqui chegou, aqui recai,
Mistério curvo, vazio intenso;
Do nada vem, pro nada vai
E o resto que há, "o resto é silêncio".

12/06

Olhos coloridos num quadro preto e branco

Teus olhos me chamam
Me enganam
De que estás aqui

Teus olhos castanhos
Estranhos
Revelam o que esconde de ti

Olhos de misterio
Impassíveis
Enfeitam semblante sério 
Impossíveis

Olhos assim, vivos de mel
Olhos pra mim, fazem-me réu
Do olhar, a julgar
À seus olhos, me explicar.

13/06

WWW.

Eu posto. Curto.
Navego. Muito.
Tuito.
E me excito
E me irrito
Com qualquer coisa.

A gente lê
A gente vê
Qualquer coisa
Uma coisa qualquer
Pra esquecer.

Somos quem queremos ser
Somos quem dizemos ser.
Somos? Como somos?
O que fazemos,
O que mostramos,
O que escrevemos?

"O que está acontecendo agora?"
O que fazes, sem demora
O que pensas, não enrola
Ou só enrola
E passa a hora
Perdido num mundo irreal
Com pessoas virtuais
Banido pra uma vida ideal.

14/06

Cinco vezes ao dia

Sinto sua falta cinco vezes ao dia
No doce da boca
O amargo da falta
A tristeza de um brinde
Em taça desacompanhada

Uma casa parada
Cama pela metade
A ausência do corpo
Vazio da vontade

Te sinto cinco vezes ao dia
No jantar, na sobremesa
Ao chegar, sem luz acesa

A dormir, pensando em ti
A deitar, sozinho, aqui.

15/06

Estudo de rima em inglês

It starts with your heart
It's only a start
But soon a depart
As you're playing your part
Keeping apart
What's left of your art.

It is hard
Get away from retard
With no special regard
No reward
To lose by your card
What's left of your yard.

16/06

Montevidéu

a cidade cinza me oferece um abraço
à beira-mar do rio
o céu nublado me avisa
suas árvores são a beleza
da tristeza
um pesar por um inverno não chegado.
o vento me rasga a cara,
me gela o coração;
mas o frio também revive
o poder de uma paixão;
vamos, tranquilos, caminhando adiante
por um caminho de amigo, de amor
sem saudade, sem destino,
sem lamento, sem rancor.

17/06

La poesía de Colonia


La melancolia que és?
      Lo que me enfria los pies


El sonido del mar
        En una ciudad a helar

Pasado
Hasta donde la vista alcanza



La tranquilidad del silencio
  Del viento
  

Como se vive en la piedra?    
Paso a paso en el tiempo.


La poesía de colonia 
    Se escribe en pretérito
        El verbo de quién llegó;


De quién pasó
      De quién partió
            De quién murió.

18/06

casa do povo

A casa do povo tem no sol
Seu primeiro convidado
Banha-se de calor
As águas calmas lhe beijam os pés

Um tanto de arte
A arte de uma vida
Uma vida de arte

Um pedaço do Uruguai
Eterno Uruguai
Repousado sobre pedra

Uma escultura para se viver
Para se estar
Para se habitar

A casa do povo põe o horizonte a mirar
Uma linha branca sob o céu
Sobre o mar
Como o hiato entre duas bocas
Prestes a se encontrar

O sol se deita, as águas dançam
O céu se fecha, o artista vive.
A arte vive, o povo vive.
A casa vive.


19/06

Sinto tanto

Sinto.
Tudo.
Se não tudo, tanto.
A cada segundo um pensamento
Um anseio por respirar
Um temor a cada momento
Um mundo novo a cada olhar

Sinto, a cada instante, um lamento
Um sofrimento
Sinto adiante um sonho em recolhimento
Uma inércia ao avançar de cada dia
Um vazio
Nós, reféns da nossa vida
Em perigo

Com domínio fraquejante
Poder hesitante
Em mudar, em renascer
Reinventar
Sinto a enorme força a me deter
Vem daqui, bem do centro do desejo
E sinto o impulso firme a me mover
Bem aqui, vem de dentro de mim mesmo.

20/06

Temor manifesto em versos

Temo.
pela ignorância
a intolerância
pelo ódio

No início, eram jovens,
unidos na rua;
lutaram, apanharam
difamados, seguiram;
venceram

De jovens, tornados muitos
milhares;
de unidos a inchados
bradando ufanismos pela rede
pelas ruas;
anônimos americanos
com frases de comerciais capitalistas
e chamavam-se nacionalistas
fascistas

Com vontade de falar
de protestar
contra tudo. contra todos.
com raiva, com ódio. 
de tudo. de todos.
como queriam os velhos, os de sempre
os de ontem.

Temo.
tudo é escolha
a não escolha é escolha
o não lado é um lado.
o 'não' é.

21/06

poeta ao sul

Enquanto a noite é noite
Ainda que não negra, azul
O poeta caminha ao sul
Com pensamentos voltados para seu povo
De anseios difusos, confusos, obtusos;

Ao que o brilho do céu alcança o mar,
Que não é mar, é rio
O poeta vê o desvio
No caminho concreto
Ainda que de traço incerto
Que o povo trouxe pelos anos
E mesmo longe, o poeta sente um fio de esperança
Pelo dia em que recolher-se-á a lança
Num grito de mudança
Que não perca a temperança
Da democracia tardia
Deste gigante natureza
De inestimável nobreza e beleza;

Enquanto a névoa estende seu véu no horizonte
O poeta imagina uma ponte
Entre passado, presente e futuro
Pensando que é duro, mas puro
O caminho até o outro lado do muro.

22/06

Adiós

Empezar é para começar
Uma despedida com jeito de 'até logo'
Porque vou voltar
Volver
Aos braços simpáticos do Uruguai
O caminho colorido
Com ou sem frio
De frente pro rio 
Da Plata, com pinta de mar
E o linguajar
Essa fala rápida,
Ácida
Irônica, claro!, de molejo vocal
Com a rebeldia da vogal
Que se esconde
Vai por onde
Não se espera
Pudera;

Língua graciosa,
Engraçada e muy hermosa
Onde acredite, a fome é leve
'Hambre'
Não à toa
A comida é muito boa;
Para falar há de romper-se com a dureza
De uma boca, com certeza
Carregada numa dança
Da palavra.

Dale Dale,
Por favor;
Adelante,
Mi amor.

Me voy, pero volveré,
Tu, conmigo, llevaré!

23/06

O que há acima do entardecer

Voamos ao nível do ar
No alto do céu
Uma estrela a mirar
Por lá
Passado entardecer
Não é noite
É algo além
Um porém
Visão
Abaixo escuridão
Acima, imensidão
E à altura do olhar
Não há coisa, nem gente, nem lugar
Só uma faixa larga, inalcançável
Estendida afinal
Por tons de azul
Do celeste ao real
Sobre um laranja poente
Desvanecente, ainda que imponente
Em cores, o horizonte berra
Seu pedaço de beleza mesclada
Sobre as nuvens
Sobre a terra
Uma linda fatia de nada.

24/06

Desconcentrado

Boto seu perfume
Pra tirar o cheiro de saudade
E desisto de sair
Melhor ficar
No meu lugar
Num retiro trôpego
Bêbado de tédio
Com o remédio
Ao meu alcance
E não me lanço
Luto imóvel
E estou sendo derrotado
Pela distração
Num misturar amargo
Paciência, resignação

Prudência, peço
Presença, posso
Potência, escassa
Doença, passa.

25/06

traço retrato
homem grande
calça larga
barriga dura
magra
inchada
pelo no rosto
grosso
denso
tenso
desenha pesado
seu próprio retrato
vago
fraco
velho
falho
num traço inquieto
abjeto
objeto
no projeto
de si mesmo
por completo.

26/06

canto da madrugada I

impresso em tinta seca
está o canto de quem se toca
mistério traz a letra
ignorância faz revolta

provoca na sede dos bárbaros
o pedido, brado cego
prego
na mão de quem se abriu
pego
além do que se ouviu

célebre o caminho que consola
de volta à escola
de novo criança

mente o menino da bola
o mundo assola
com sua lembrança

carregando nos ombros
medonhos de temor
o horror que se anuncia
nuas vias do calor
torpor
que renuncia
sadia é nossa dor.

27/06

Aula de canto

Canto
Tanto quanto posso
Canto
E me encanto
Me visto num manto
Sereno
Pleno
Me condeno
Ao meu próprio canto
A cantar
Meu lugar

Já foi dito
"Quem canta, seus males espanta"
Hoje digo
"Quem canta, sua alma levanta"

28/06

canto da madrugada II

de gole em gole, desce o vinho
vem sozinho
dominando a cortina dos sentidos
perdidos
enquanto falhos
em atalhos
esboçados
ruídos, destroçados
caídos, mal tratados
sem controle do agora
a essa hora, sua prole
não se faz sem o divino
o castigo
do batismo
em si mesmo, pelo hino
convertido em arlequino.

29/06

quanto realmente

e quanto da fala é realmente dita?
quando do fogo realmente queima?
quanto do medo realmente grita?
quando desejo realmente teima?

quanto do que se quer realmente é preciso?
quanto do plano é realmente previsto?
quanto o que protege é aviso?
quanto que há e realmente é visto?

quanto do que cai fica de pé?
quanto do que se acha, realmente é?

30/06

futebol é a metáfora da vida

Domingo eu fui ao Maracanã 
Um dia meu pai me levou
Agora levo meu pai
Estávamos lá
Ele e nós três
Vendo pela primeira vez
O melhor time do mundo
E o maior time do mundo
Num Maracanã
Que é o Maracanã

Classe média, a seus lugares!
Diversão classista, sim!
E apesar de seus pesares
Inda assim
M A G I A

A (con)federação mafiosa
O estádio, superfaturado
Protestemos!
Não sou ingênuo
Eu próprio
De não crer ser o futebol, hoje
Um negócio

Mas há algo mais
Algo a mais nos imortais
Algo mais nos atuais

Há algo mais quando um jogo
É só um jogo e é tanto
Jogado desde os infantis
Mexe tanto com um país
Diz tanto sobre um país

Há algo mais no Brasil
Na seleção que é o Brasil

Que faz o sério sorrir
O cascudo chorar
O fã se maravilhar
E faz-me acreditar

Que o Brasil em campo não é alienação
É afirmação
Da estima
Da complexidade
Negação da doutrina
Do nosso próprio complexo

Podemos mais
Somos mais
Somos

Por isso podemos
Torcer
Podemos fazer
Escolher
Lutar
Compreender

O Brasil que podemos ter
O Brasil que poderemos ver
Podemos e seremos
Porque somos e queremos

Porque o futebol - não a Copa - é o Brasil fechado
Pobre e rico abraçados
Iguais
Filhos dos mesmos pais
Torcendo juntos por onze homens de um país
Unido

Todos parte desse time
Do moleque atrevido
Talentoso e criativo
Ney, que será rei;
Onde David é um gigante
Ao lado de um Golias Silva
À frente do goleiro
Imperador verdadeiro;
Daniel, Marcelo, Givanildo e Oscar
Time de raça, habilidade, união;
Luiz que ladra, morde e corre,
Time de garra, força, Felipão;
E os outros tantos, todos, 23,
E Frederico, matador de coração;
E Paulinho, o brasileiro
“O Paulinho é o Brasil”
Escreve o amigo mineiro

E agora, os sábios, que dirão?
Quem se importa
Sábios sempre saberão;
Enquanto isso, a seleção
Mostra que falando não se faz memória
É fazendo que se faz história

O Brasil pode
Nós podemos;
O Brasil é.
Nós seremos.